Lino Guedes: percursor da negritude na poesia brasileira
João da Cruz e Souza ainda vivia no Rio de Janeiro e havia terminado de escrever “Evocações e Faróis”, quando em Socorro (SP), no dia 24 de junho de 1897, nascia Lino de Pinto Guedes, mais comumente chamado Lino Guedes ou, como pseudônimo literário, Laly. Os pais de Lino foram os ex-escravos José Pinto Guedes e Benedita Eugênia Guedes. Foi criado em Campinas, onde se diplomou pela Escola Normal “Antônio Álvares” e ainda jovem iniciou carreira de jornalista no Diário do Povo e no Correio Popular, daquela cidade. Trabalhou após no Jornal do Comércio, n`O Combate, no A Razão, no São Paulo – Jornal, Correio de Campinas, Correio Paulistano e no Diário de São Paulo, onde por muitos anos chefiou a Revisão. Teve também atuação na Imprensa Negra, sendo redator-chefe de Getulino, na década de 20. Em 1924, acompanhava-o na direção desse jornal o contista de Malungo, Gervásio Morais, que o secretariava. Lino Guedes teve boas relações de amizade com escritores respeitados em São Paulo. E recebeu comentários, com elogios, de nomes como Coelho Neto, João Ribeiro – o autor do clássico “O Folclore” (estudos de literatura popular); de Silveira Bueno. Mas nem sempre foi apreciado na coletividade negra paulistana. Apesar de fazer do negro tema de seus versos, é acusado às vezes de certo escapismo no que dizia respeito à luta social do elemento afro-brasileiro. No entanto isso, no caso deste comentário, não é o mais importante.
OBRAS:
“Luiz Gama e sua individualidade literária” (1924);
“Black” (1926);
“Ressurreição negra” (1928);
“O Canto do Cisne Preto” (1926);
“Urucungo” (1936);
“Negro Preto Cor da Noite” (1936);
“O Pequeno Bandeirante, Mestre Domingos” (1937);
“Sorrisos de Cativeiro” (1938);
“Vigília de Pai João, Ditinha” (1938);
“Nova Inquilina do Céu, Suncristo” (1951).