13 de maio: flashes da passagem da caravana cultural afro-brasileira pelas principais capitais do País

O presidente da Palmares, Eloi Araujo, na elegante mesa da solenidade de entrega da Medalha do Mérito Cívico Afro-brasileiro
Suzana Varjão
Na rota das celebrações pela passagem do dia 13 de maio, homenagens, reivindicações, denúncias, promessas, debates e, sobretudo, ações em defesa da cultura negra. Da esfera pública à privada, o Brasil se move na direção dos povos descendentes de africanos escravizados. Veja aqui alguns flashes da mobilização, na data em que se comemora o fim oficial do sistema escravista no País.
14 de maio, Bahia
Os Velloso catalisaram, mais uma vez, as comemorações pelo 13 de maio em Santo Amaro da Purificação (BA). Recebida com carinho pela matriarca do clã, Dona Canô, e pela população do município, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, participou ativamente da programação do Bembé do Mercado, acompanhada de perto pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira e Araújo.
Lançamento de livro, maculelê, capoeira, puxada de rede, samba-de-roda, rituais de candomblé e, principalmente, o bater de tambores movimentaram o dia de sábado (14) e a madrugada de domingo (15) no município. Ponto alto da programação dedicada à data em que se comemora a abolição formal da escravatura no Brasil, a encenação do “nego fugido”, impressionou os convidados.
– Nunca vi nada igual em minha vida, reagiu o presidente da Palmares.
Verdadeiro “ponto de cultura”, a casa dos Velloso foi o local de encontro de políticos, autoridades federais, estaduais e municipais, intelectuais, jornalistas e artistas. Recebida com flores, Ana de Hollanda provou o principal prato da culinária regional (a tradicional maniçoba); visitou pontos de cultura e acompanhou as atividades do Bembé do Mercado – ponto alto das comemorações pelo 13 de maio na Bahia. (Clique aqui para ler mais sobre a iniciativa).

Os habitantes de Santo Amaro pintam o rosto com carvão e óleo para reviver a tradição do “Nego Fugido”
13 de maio, São Paulo
Memorável, a solenidade da entrega da Medalha do Mérito Cívico Afro-brasileiro. Banqueiros, políticos, juristas, embaixadores, artistas, acadêmicos, enfim, personalidades destacadas da sociedade brasileira e internacional lotaram o elegante Salão Pérola do espaço Rosa Rosarum, na capital paulista, para celebrar o 13 de maio – o grande marco legal do processo de abolição da escravatura.
A ação da Faculdade Zumbi dos Palmares e da Afrobras (Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sociocultural) lançou luzes sobre aqueles que vêm se destacando na defesa dos direitos da população negra. Entre os condecorados, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo; o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF); e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Foi um momento de comemoração, pelo investimento (coletivo ou individual, material ou moral) na causa dos povos descendentes de africanos escravizados; de assunção de compromissos também. Além da outorga da comenda, houve solenidade de formatura de alunos bolsistas, assinatura de convênios, música, performances… Uma noite para ficar na história dos brasileiros (Clique aqui para ler mais sobre a iniciativa).
13 de maio, Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a II Jornada Brasileirafro uniu a comunidade acadêmica da universidade UNISUAM em torno do debate sobre a abolição da escravatura e a contribuição dos africanos na formação da identidade brasileira. No centro da pauta, o Estatuto da Igualdade Racial, tema da conferência de abertura, proferida pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo.
A fala de Eloi reconstituiu o fio que liga a Lei Áurea (1888) ao Estatuto da Igualdade Racial (2010), pontuando a insuficiência da lei e de outros mecanismos geradores de ambientes favoráveis à construção da cidadania dos ex-cativos. O Estatuto vem preencher a lacuna legal de um século, mas também precisa ter os conteúdos apropriados e regulamentados, para potencializar seus efeitos.
Araujo falou ainda sobre os “resultados extraordinários” produzidos pelos dispositivos deste grande marco legal, como as ações afirmativas, “que têm sua maior expressão no sistema de cotas”. Lembrando o excelente desempenho de estudantes de Medicina que ingressaram na academia pelo sistema de cotas, contrapôs o discurso inconsistente do deputado Bolsonaro, que disse que “não gostaria de ser operado por um médico cotista”. (Clique aqui para ler mais sobre a iniciativa).
11 e 12 de maio, Pernambuco
Em Olinda e Recife, mais ações relevantes em prol da cultura afro-brasileira. Entre as mais significativas, o lançamento de um curso inédito de Aperfeiçoamento em Teologia Afro-brasileira, Africana e Indígena; e a articulação pelo fortalecimento do Turismo Étnico em Pernambuco, que mobilizou as três esferas da administração pública (municipal, estadual e federal) e organizações da sociedade civil.
Entre os protagonistas da mobilização, coordenada por Jorge Arruda (titular do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnicorracial – CEPIR), Alberto Feitosa (titular da Secretaria Estadual de Turismo – Setur); André Correia (diretor-presidente da Empresa de Turismo – Empetur); e padre Clovis Cabral coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) da Universidade Católica do Salvador (UNICAP). (Clique aqui para ler mais sobre a iniciativa).

Ferreira discute alternativas de fortalecimento do Turismo Étnico com lideranças negras e autoridades estaduais e municipais de Pernambuco

Eloi Ferreira (Palmares), Jorge Arruda (CEPIR), Alberto Feitosa (Setur) e André Correia (Empetur): articulação em prol do turismo focado na cultura negra

Roda de conversa no Terreiro do Portão do Gelo, da Nação Xambá, sob a ausculta protetora de sua Iyá.

Jorge Arruda, titular do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnicorracial (CEPIR), durante lançamento do projeto de Turismo Étnico

André Correia, titular da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), posa ao lado da bela rainha do maracatu

Padre Clovis Cabral, na abertura do curso de Aperfeiçoamento em Teologia Afro-brasileira, Africana e Indígena
09 de maio, São Paulo
No portentoso prédio do Memorial da América Latina, em São Paulo, a Faculdade Zumbi dos Palmares formou duas turmas dos cursos de Administração de Empresas e Tecnologia em Transportes Terrestres. Marcada por emoção, otimismo e compromisso com a construção da igualdade racial, a solenidade foi prestigiada por personalidades dos mundos político e empresarial.
Marcaram presença no evento o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo; o ministro dos Esportes, Orlando Silva; o presidente do Conselho de Administração do Banco Santander, Fábio Barbosa; o vereador Netinho de Paula e a deputada Leci Brandão, dentre outros. À frente do belo rito de passagem, o reitor José Vicente (Clique aqui para ler mais sobre a iniciativa).