O projeto que cria o sistema de cotas sociais e raciais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi aprovado sob protesto na última quinta-feira (3), porém pode chegar à Justiça. Alguns professores, alunos e familiares criticam a medida desenvolvida para reduzir a desigualdade no acesso ao ensino superior, destinando 20% das vagas a estudantes negros e 30% a estudantes de escolas públicas. A aplicação do sistema já está prevista para o início de 2012.

O argumento dos opositores é que a aplicação do sistema de cotas seguiria contra questões institucionais e tiraria do governo a responsabilidade de melhorias efetivas na educação básica. Já para a reitoria a decisão pode legitimar uma realidade já vivenciada na instituição: aproximadamente 56% dos 24.528 acadêmicos concluíram o ensino médio na rede pública de ensino, mas em cursos mais concorridos como Medicina e Direito esses estudantes são representados por apenas 7% e 20%, respectivamente.

Persistência – Não é a primeira vez que a UFMT debate a criação de um sistema de cotas. Em 2003, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da instituição aprovou a criação da medida também com base em questões étnicas e socioeconômicas, que só foi estabelecida em relação a questão indígena.

De acordo com Francisco José Dutra Souto, vice-reitor da UFMT, havia uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que a discussão sobre as cotas socioeconômicas fossem retomadas neste ano. A proposta é mudar a postura da universidade que destina, atualmente, 100% das vagas para alunos aprovados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Com a mudança, os estudantes de escolas públicas vão ter Direito a 30% das vagas já na próxima seleção pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que é gerenciado pelo Ministério da Educação. A previsão é que em 2013 o percentual de estudantes remanescentes de escolas públicas aumente para 40%, e em 2014 para 50%, conforme a proposta em análise na UFMT.

Com informações do Jornal Bom Dia MT