Mais de duas mil pessoas vivem em quilombos na capital gaúcha

Pesquisa revela que há quatro comunidades em Porto Alegre


Pesquisa realizada em parceria entre Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) mostra que mais de duas mil pessoas vivem em quilombos na Capital. Os dados divulgados nesta quinta-feira mostram que há quatro comunidades em Porto Alegre formadas por pessoas que se auto-declaram descendentes de escravos e que ocupam áreas destinadas a remanescentes de quilombolas.

Eles ocupam os chamados quilombo do Areal, no Menino Deus, o Quilombo Fidelix, na Azenha, o Quilombo dos Alpes, no bairro Cascata e o Quilombo da Família Silva, no bairro Três Figueiras. Destes, 52,1% dos afro-descendentes são homens e 47,9% são mulheres.

Conforme o levantamento feito entre os meses de janeiro e março deste ano, 58,7% estão no bairro Cidade Baixa, 32,6% no bairro Glória e 8,7% no bairro Três Figueiras. Entre os quatro quilombos, a comunidade que mais destoa do seu entorno é a Família Silva, em Três Figueiras. O rendimento médio mensal dos responsáveis por domicílio do bairro é o maior da Capital – 37 salários mínimos – e o dos quilombolas, cerca de 1 a 4 salários.

Cerca de 500 famílias formadas por duas mil e 29 pessoas vivem nas comunidades. O resultado avalia que 60% das pessoas que vivem em quilombos urbanos na capital gaúcha tem ensino fundamental incompleto. Nenhum quilombola entre 18 e 24 anos concluiu o ensino superior e a grande maioria alega necessidade de trabalhar para ajudar em casa como o principal motivo para não estudar.

As estatísticas apontam que essas comunidades são formadas em grande parte por jovens – 40% dos chefes de família tem entre 18 e 24 anos e 66% são mulheres. Outro problema que preocupa os descendentes de escravos de Porto Alegre é o desemprego – 40% das pessoas estão procurando trabalho, 30% são empregadas domésticas e o restante tem empregos de no máximo quatro salários mínimos mensais .

Ao todo, 93% das casas das pessoas que vivem em quilombos são de madeira (40% das residências estão em estado regular e 26% apresentam condições precárias), e 21% das famílias tem Bolsa Família.

De |junho 13th, 2008|Notícia|Comentários desativados em Mais de duas mil pessoas vivem em quilombos na capital gaúcha