Abdias do Nascimento uma vida dedicada à defesa da população negra

O jornalista, ativista e ex-senador da República, Abdias Nascimento – falecido em 2011 aos 97 anos – , é referência quando o assunto é igualdade racial. Nascido em 1914 na cidade de Franca, localizada no interior de São Paulo, Abdias teve uma trajetória longa e produtiva: participou do movimento integralista, passou pela Frente Negra Brasileira, foi pioneiro em iniciativas no campo da cultura.

Foi indicado em 2009 ao Prêmio Nobel da Paz em função de sua defesa pelos direitos civis e humanos dos afrodescendentes no Brasil e na diáspora africana.

Bacharel em economia, artista plástico, ator e diretor teatral, criou na década de 1940 o Teatro do Sentenciado, embrião do futuro Teatro Experimental do Negro (TEN), iniciativa pioneira no país. O TEN  revelou alguns dos talentos da dramaturgia nacional como as atrizes Ruth de Souza e Léa Garcia.

Foi professor emérito da Universidade do Estado de Nova York e acumulou títulos de Doutor Honoris Causa nas seguintes instituições de ensino superior: Universidade de Brasília, Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual da Bahia e Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É também Obafemi Awolow na Nigéria.

Na carreira jornalística, foi repórter do Jornal Diário e revisor do Jornal O Radical (1936). Foi também repórter do informativo da Ação Integralista Brasileira. Entre 1946 e 1948, atuou como repórter e colunista do Diário Trabalhista. Em 1947, na época em que o Rio de Janeiro era a capital do país, filiou-se ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (o atual Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro).

Em 1948, fundou com os amigos Sebastião Rodrigues Alves, Ironides Rodrigues e Aguinaldo Camargo o jornal O Quilombo, cuja missão era atrair cada vez mais a comunidade negra na produção. A publicação funcionou como um canal de expressão de grupos sociais que não tinham voz nas fontes tradicionais de informações.

Na sua luta pelos direitos civis e humanos de negros e negras brasileiro/as, Abdias Nascimento organizou eventos históricos como o 1º Congresso do Negro Brasileiro (1950) e a Convenção Nacional do Negro (1945-46), que propôs à Assembléia Nacional Constituinte de 1945 políticas afirmativas e a definição da discriminação racial como crime de Lesa-pátria.

Após a promulgação do Ato Institucional Nº 5 (1968), Abdias foi incluído em diversos inquéritos policiais militares, acusado de fazer a ligação entre o movimento negro e a esquerda comunista. Ao ser convidado para fazer um intercâmbio com o movimento afro-americano, Abdias optou pelo exílio e ficou 13 anos fora do país.

Das inúmeras homenagens recebidas ao longo da sua trajetória, destacamos, em 2006, o a mais alta honraria concedida pelo Governo do Brasil, a Ordem do Rio Branco no grau de Comendador, entregue pelo então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2008, o Conselho Nacional de Prevenção da Discriminação, do Governo Federal do México, lhe ofereceu um prêmio em reconhecimento à contribuição destacada à prevenção da discriminação racial na América Latina.

O Ministério do Trabalho, em 2009, concedeu-lhe a Grã Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas. No mesmo ano, Abdias recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo e o Prêmio de Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.

À Abdias Nascimento, nosso Axé!!

Acesse aqui discurso do senador Abdias Nascimento sobre os 110  anos de Lei Áurea, em 13 de maio de 1998.

De |março 14th, 2016|Notícia|Comentários desativados em Abdias do Nascimento uma vida dedicada à defesa da população negra