Eloi Ferreira de Araujo: O sonho de Zumbi, O Dia*
Rio – Em 20 de novembro de 1695, Zumbi, o último líder do quilombo dos Palmares, é morto pelos escravocratas. Palmares foi símbolo de resistência à escravidão e de inspiração às lutas libertárias. Assim, ganha os corações e mentes, até por fim à escravidão. Passados 123 anos desde a abolição, a população de pretos e pardos, autodeclarados, é 51,2%. O país incorporou ao seu arcabouço jurídico a Lei 10.639/2003, que determina o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e a Lei 12.288, que dispõe sobre o Estatuto da Igualdade Racial. É a primeira lei brasileira que define as ações afirmativas para reparar as desigualdades raciais. O Governo Federal valoriza a identidade nacional e busca criar as condições para superação das desigualdades. São legados de Zumbi dos Palmares, da luta pela liberdade e igualdade de oportunidades entre negros e não negros. Neste Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.519 tornando o 20 de novembro o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A Fundação Cultural Palmares, que tem a missão da promoção da cultura afro-brasileira, está diante de um grande desafio: a construção do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra. A concretização desse espaço é a representação da força material e imaterial da cultura afro-brasileira. Será o primeiro equipamento cultural do Estado Brasileiro com a missão, específica, de registrar a memória da escravidão, a presença do negro e as múltiplas manifestações culturais, de origem africana, que formaram a nação. Com certeza, é a semente do sonho de Zumbi dos Palmares e dos quilombolas Palmarinos que continua vivo.
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Artigo do Presidente da Fundação Cultural Palmares publicado no jornal O Dia, do dia 22/11/2011