“Apitaço” em Defesa da Política de Cotas nas Universidades
Salvador, 7/8/06 – No próximo dia 18 de agosto, escolhido pelo movimento negro como o Dia Nacional em Defesa das Cotas Raciais, haverá uma série de manifestações em diversos estados brasileiros, simultaneamente. Será um “apitaço” com o intuito de exigir ações afirmativas em todas as universidades públicas do Brasil, além de chamar a atenção da sociedade para a aprovação dos projetos que estão sendo discutidos no Congresso Nacional: o Estatuto da Igualdade Racial e o PL 73/99.
Tanto o Estatuto, do senador Paulo Paim (PT-RS), quanto o PL 73/99, da deputada Nice Lobão (PFL-MA), propõem a instituição de cotas no Brasil, sendo que o último prevê a reserva de 50% de vagas para estudantes de escolas públicas. No caso do Estatuto, as vagas são para afrodescendentes e índios-descendentes, não apenas na Universidade, mas no mercado de trabalho e na mídia. Em Salvador, o “apitaço” será a partir das 13h, saindo da Faculdade de Direito da Ufba, no bairro da Graça, em direção a Reitoria, Canela.
O Dia Nacional em Defesa das Cotas Raciais foi instituído no dia 13 de julho, durante reunião de militantes anti-racistas de todo o país, que participavam, em Salvador, da II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (CIAD) e faz parte de um calendário de mobilização nacional em defesa da política de cotas nas universidades públicas brasileiras.
Audiência no Senado esquenta debate:
O debate sobre a necessidade de aprovação do Estatuto está aumentando e ocupando diversos espaços. Na última quinta-feira, 03/08, o senador Paulo Paim realizou uma Audiência no Senado, reunindo personalidades contra e outras a favor das cotas. Estiveram presentes o ministro da Educação Fernando Haddad, a ministra Matilde Ribeiro, o Frei David, da Educafro, o cientista social Carlos Alberto Medeiros, e o militante Marcus Alexandre, coordenador nacional do MNU, todos a favor das cotas. Do lado contrário estavam José Carlos Miranda, do recém-criado Movimento Negro Socialista, o escritor Peter Fry, e a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Yvone Maggie.
A experiência das ações afirmativas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi apresentada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad como exemplo positivo da aplicação das cotas, tendo os estudantes cotistas, igualado ou superado as médias das notas em relação ao processo anterior.