IV COPENE: Presidente da FCP destaca aproximação com Comunidades Tradicionais

Salvador, 16/9/06 – O professsor-doutor Ubiratan Castro de Araújo, preferiu neste sábado (16), em Salvador, a conferência de encerramento do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (COPENE). Na oportunidade, o pesquisador e presidente da Fundação Cultual Palmares/MinC falou sobre o papel dos intelectuais negros dentro das universidades e apontou os desafios que estes enfrentarão nos próximos anos.



Araújo começou a sua fala, citando a célebre frase “Quero ver meus filhos com anel no dedo (formatura) e aos pés de Xangô” atribuída a Mãe Senhora, saudosa yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, falecida em 1967. Com base nisso, Araújo convocou a platéia composta por acadêmicos e ativistas a se aproximar mais dos conhecimentos tradicionais dos terreiros, dos quilombos e das demais sociedades africanas para que as próxima gerações conheçam a história dos africanos no Brasil e no mundo. “Mas, não basta chegar no Terreiro com laptop, gravador e sua metodologia, é preciso respeito com os mais velhos”, alertou.


O pesquisador colocou como desafio político para os próximos anos, a garantia da execução da Lei 10.639/03, que obriga o ensino da história e da cultura da África e dos afrodescendentes, e recomendou que esta fosse protagonizada pelos próprios negros. “É importante que os negros tenham controle intelectual do conhecimento negro. Controlar, supervisionar e criticar esse conteúdo é um desafio para nós”, afirmou. Além disso, Araújo chamou a atenção para a quantidade de pesquisadores de outros países que estudam a cultura afro-brasileira e não trazem retorno para a comunidade. “Qual o retorno que a comunidade negra teve com as centenas de pesquisadores estrangeiros que pesquisaram sobre os negros?”, questionou.


Para aproximar mais a sabedoria tradicional com o conhecimento contemporâneo e garantir o protagonismo da população negra na transmissão do saber, Ubiratan Castro de Araújo sugere que os anciões, que detém o saber ancestral, possam ser remunerados para dar aulas em universidades e contribuir com a formação de jovens pesquisadores e professores. “Falta a presença de nossos sábios dentro das universidades, com sua própria pedagogia. Isso já acontece em países como a Nigéria, onde eles são remunerados para isso”, informou o conferencista.


A noite terminou com uma saudação para Oxalá, em celebrando a religiosa africana, cantada e referenciada por todos os presentes, seguida de abraços entre os participantes do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros.

De |setembro 18th, 2006|Notícia|Comentários desativados em IV COPENE: Presidente da FCP destaca aproximação com Comunidades Tradicionais