Brasília, 20/9/07 – O ministro da Cultura, Gilberto Gil, participou da cerimônia de abertura do 2º Encontro Nacional dos Povos da Floresta, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, sentado ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. No evento, o presidente Lula anunciou o lançamento do Plano de Aceleramento do Crescimento (PAC) para os Povos Indígenas e Quilombolas, no próximo dia 21, em São Gabriel da Cachoeira (AM), onde está prevista a implementação de saneamento básico em 90% das comunidades indígenas e em parcela das áreas remanescentes dos quilombos.

Também foi lançado o filme da Campanha de Valorização dos Povos Indígenas, realizado pela Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC), em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR), que irá ao ar nas televisões de todo o país, nos próximos dias.

A liderança indígena Gecinaldo Santeré-Mawé abriu o encontro, com um discurso de boas-vindas aos presentes. Ele destacou o desejo dos Povos Indígenas do Brasil de contribuírem para as discussões sobre a proteção do clima em todo o planeta, destacando a necessidade do governo brasileiro valorizar os produtos da floresta, pois “a conversão de nossas florestas em outras culturas, como a de grãos e a pecuária, acelera o processo de mudanças climáticas que já fazem sofrer nossas comunidades, com secas e enchentes”, afirmou.

Fizeram uso da palavra, também, a ministra Marina Silva e o representante do Instituto Internacional Social Ambiental Chico Mendes, Amiltom Pereira Terra. Logo após, houve uma apresentação cultural de um grupo indígena do povo Tikuna. A cantora Cláudia Tikuna cantou duas canções na língua Tupi, que exaltavam a Amazônia como um lugar sagrado para os povos da floresta. A noite foi encerrada com um show do cantor mineiro Milton Nascimento, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Brasília.

Discussões sobre o Clima

Ainda durante a cerimônia, o presidente Lula informou que estará participando junto com a ministra Marina Silva, no próximo final de semana, nos Estados Unidos, de um encontro convocado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para discutir os problemas que afetam o clima em todo o planeta.

O presidente teve o discurso interrompido por aplausos quando disse que nesse encontro, como nos demais fóruns onde estiver presente para tratar da questão climática, não irá aceitar lições de governantes de outros países de como preservar as florestas brasileiras. “Nestes dias me deparei com um estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que demonstrava que das matas existentes no planeta há oito mil anos, o Brasil detinha 6% das florestas. Hoje, o país detém 29,5% da cobertura florestal do planeta, porque os demais países acabaram com as florestas em seus territórios”, justificou.

Ele disse que deseja discutir a questão climática, fazendo com que os países que mais poluem o planeta assumam a responsabilidade de fazerem investimentos para reduzir os problemas causados pelas alterações no clima. “Não vamos aceitar que, mais uma vez, seja jogada em cima dos países pobres a responsabilidade de pagar o preço por um dano que não cometemos”, complementou.

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