FCP e CIDAN: Fôlego negro para implantar curso de produção audiovisual no RJ




Brasília, 5/2/07 – Presença freqüente nos bastidores do cinema brasileiro, a população afro-descendente tem recebido nos últimos anos a formação técnica necessária para acompanhar os avanços da sétima arte no país. Tal crescimento profissional se dá graças a iniciativas como a do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (CIDAN), organização não-governamental dirigida por atores negros no Rio de Janeiro. No ano passado, em parceria com o Ministério da Cultura através da Fundação Cultural Palmares, o CIDAN realizou oficinas de capacitação em audiovisual e formou 40 técnicos de 17 a 25 anos, em especialidades como continuísmo, assistência de câmera, ajudante de iluminação e de produção. Alguns deles já absorvidos pelo mercado. “Pensamos futuramente em começar a produzir filmes aproveitando essa mão-de-obra qualificada”, diz o ator Antonio Pompeo, diretor do CIDAN.Em reunião realizada nesta segunda-feira (5), na sede da FCP/MinC em Brasíla, Pompeo veio articular a realização de mais uma importante parceria de fôlego para o cinema brasileiro: a promoção de um curso técnico de audiovisual, em nível médio, a ser oferecido na sede da ONG no Rio de Janeiro.

Parceria para novas produções audiovisuais

Além de apoiar financeiramente as oficinas, a Fundação Cultural Palmares financiou a compra pela ONG de equipamentos de edição e filmagem, um impulso para que novas oficinas sejam realizadas este ano. De acordo com Antonio Pompeo, o CIDAN começa a estudar com o Ministério da Educação os trâmites necessários para que tal capacitação possa dar origem ao curso técnico em nível médio. “Desenvolveremos a proposta ao longo deste ano para possivelmente aplicá-la em 2008”, adianta Pompeo.

O ator e diretor do CIDAN reconhece que a capital carioca hoje oferece um grande número de núcleos de formação audiovisual para a população de baixa renda. “Mas a maior parte deles, entretanto, encontra-se dentro das comunidades atendidas, como ocorre com o Nós do Morro e as oficinas da CUFA. Como o CIDAN encontra-se no Centro do Rio, facilitará uma integração maior dos profissionais não atendidos por essas iniciativas localizadas”, argumenta.

O negro na mídia

Presidido pela atriz Zezé Motta, o CIDAN foi fundado em 1984 com o objetivo de facilitar a inserção de atores afro-descendentes no mercado. O site da ONG (www.cidan.org.br) apresenta um cadastro com mais de 100 perfis de atores e atrizes residentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Cada profissional tem à disposição uma ficha de apresentação com foto, dados físicos e um vídeo de um minuto. Para muitos deles, o site funciona como cartão de visita para a admissão em trabalhos na televisão, no cinema, no teatro e na publicidade tanto no Brasil quanto no exterior. “Hoje vemos um número maior de atores negros nos meios de comunicação, o que é uma conquista. Mas pretendemos que tais meios espelhem os quase 50% de afro-descendentes que compõem a população brasileira”, afirma Pompeo.

Além do cadastro e das oficinas de capacitação, a ONG desenvolve o projeto oficinas de teatro “A Arte de Representar Dignidade” para crianças e jovens carentes na Cruzada São Sebastião, no Rio de Janeiro. Também promoveu em 2005 o projeto A Cor da Cultura, resultado de parceria com a Seppir, Petrobras, TV Globo e Fundação Roberto Marinho, no qual conteúdos sobre a cultura afro-brasileira foram veiculados para 2 mil escolas públicas de ensino fundamental do país por meio do Canal Futura.

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